Sentei-me na secretária para estudar uma coisa que finalmente me estou a dar a oportunidade de ver se gosto. Abri o computador, escolhi uma música que o youtube me aconselhou. O youtube deu-me uma música do meu Damien Rice, profunda como eu gosto e preciso. Ouvi-a ao mesmo que via fotos da pasta das minhas fotos que diz "amigos" e senti um nó na garganta.
Passo o tempo a queixar-me para mim própria da vida que tenho, da solidão que sinto e não ligo àqueles que passam na minha vida apenas me dar uma dúzia de sorrisos e gargalhadas, aqueles que não vão ter comigo amizades eternas nem me vão desiludir, aqueles que só cumprem a missão de nos fazer sentir alegres.
Depois há aqueles que estiveram sempre ao nosso lado e nós ao lado deles e não nos damos conta de quão leais eles eram. Mesmo com as desilusões, discussões, afastamentos, conversas por ter, quando nos vemos nada mudou. Rimo-nos, choramos e tentamos compreender-nos, mesmo sem sucesso, tentamos. Não conseguimos ser a outra pessoa, apenas podemos tentar imaginar o que ela é e o que pensa, não a conhecemos nunca. Achamos que a conhecemos, mas não.
Por fim, há aqueles que nunca pensámos que seriam os nossos melhores amigos e acabam por se tornar. São loucos, diferentes uns dos outros, falam mal uns para os outros e bem por trás deles. São sinceros sem serem maldosos(se forem, tentam remediar a situação), estão lá sempre para os melhores amigos, fazem rir e chorar com miminhos dados para dar a perceber que, mesmo sendo parvos uns para os outros, há uma ligação entre eles mais forte do que eles pensam que haja. Dizem aquilo que é o melhor para os seus melhores amigos e os seus problemas já não lhes pertencem apenas a eles, os problema passam a ser os seus e os dos outros e os dos outros passam a ser dos outros e dele. Não há promessas falsas de amizade eterna, há olhares que demonstram a vontade de a ter.
Tenho-os todos na minha vida, nesta de que me queixo. São todos tão importantes, tão especiais... claro que existem aqueles com que já não vivo sem mas há outros de que por vezes me esqueço mas também existem e de vezes em quando me fazem perceber isso.
Sei que, neste momento, se dissesse o que se passa comigo aos do segundo e aos do último grupo, iam apoiar-me e sair mais comigo mas eu não quero isso. Quero que seja tudo natural, quero que se afastem aos poucos. Não quero que passem uns tempos muito ligados a mim e darem-me esperanças de algo que não podem continuar a cumprir e depois abandonarem-me.
Quero dar-me a oportunidade de os deixar partir, quero poder dizer-lhes adeus a todos. Quero abrir o computador e ir direta ao que ia lá fazer, não quero sofrer mais, não aguento.
Ai estes últimos...
Custa-me mas preciso desta despedida, preciso de lhes largar as camisolas quentinhas que eles têm e ir para o frio à procura de um lugar onde terei de procurar casacos de pêlo.
Não dá para os ver tantas vezes, os fios que nos ligam têm de ser cortados.
Não consigo deixá-los ir sozinha. São demasiado essenciais na minha vida mas estão a impedir-me de me dar a conhecer àqueles que estarão comigo neste próximos três anos da minha vida, são incomparáveis mas eu insisto em fazê-lo e os meus amores são tão melhores que se torna óbvia a escolha que faço.
Amo-os tanto...